“Estamos todos numa solidão e numa multidão ao mesmo tempo”.

12/11/2016 17:19

“Estamos todos numa solidão e numa multidão ao mesmo tempo”.

 Vivemos em um tempo que escorre pelas mãos, um tempo líquido em que nada é para persistir. 

Não há nada tão intenso que consiga permanecer e se tornar verdadeiramente necessário. 

Tudo é transitório. Não há a observação pausada daquilo que experimentamos, é preciso 

fotografar, filmar, comentar, curtir, mostrar, comprar e comparar.

   O desejo habita a ansiedade e se perde no consumismo imediato. A sociedade 

está marcada pela ansiedade, reina uma inabilidade de experimentar profundamente o 

que nos chega, o que importa é poder descrever aos demais o que se está fazendo.

   Em tempos de Facebook e Twitter não há desagrados, se não gosto de uma declaração 

ou um pensamento, apago, desconecto, bloqueio. Perde-se a profundidade das relações; 

perde-se a conversa que possibilita a harmonia e também o destoar. Nas relações virtuais 

não existem discussões que terminem em abraços vivos, as discussões são mudas, distantes. 

As relações começam ou terminam sem contato algum. Analisamos o outro por suas fotos 

e frases de efeito. Não existe a troca vivida.

   Ao mesmo tempo em que experimentamos um isolamento protetor, vivenciamos uma absoluta 

exposição. Não há o privado, tudo é desvendado: o que se come, o que se compra; o que nos 

atormenta e o que nos alegra.

   O amor é mais falado do que vivido. Vivemos um tempo de secreta angústia. filosoficamente 

a angústia é o sentimento do nada. O corpo se inquieta e a alma sufoca. Há uma vertigem permeando 

as relações, tudo se torna vacilante, tudo pode ser deletado: o amor e os amigos.

“Estamos todos numa solidão e numa multidão ao mesmo tempo”.

BY Moreno Jambo