A Confiança e Sinceridade dentro da Amizade

12/11/2016 00:00

   Ainda que a sinceridade e a confiança estejam relacionadas, são, no entanto, diferentes: a sinceridade consiste em abrir o coração e em mostrarmo-nos tal como somos por amor da verdade.

   Odeia o disfarce e quer reparar as suas faltas, mesmo que para isso seja preciso diminuí-las pelo valor da confissão. Quanto à confiança, esta não nos concede o mesmo grau de liberdade, as suas regras são mais rigorosas, requer mais prudência e moderação. Ora, nem sempre estamos livres para obedecer a estes requisitos. Não somos sós nós, no que a ela diz respeito, que estamos envolvidos, porque os nossos interesses misturam-se quase sempre com os dos outros.

   Requer uma enorme justeza para não levar os nossos amigos a entregarem-se, pelo fato de nós nos termos entregado, como para lhes oferecer um presente, com a única intenção de aumentar o preço do que nós damos.

   Fica-se sempre satisfeito com o fato de os outros depositarem confiança em nós porque é um tributo que oferecemos ao nosso mérito, é um depósito que fazemos à nossa confiança, são, enfim, fianças que lhes dão algum direito sobre nós, isto é, aceitamos certa dependência à qual nos sujeitamos voluntariamente. Não, não é minha intenção destruir com as minhas palavras à confiança, que é tão importante entre os homens, uma vez que é o elo entre a sociedade e a amizade. 

    (...) Damos a nossa confiança, a maior parte das vezes, por uma questão de vaidade, porque queremos falar, porque queremos conquistar a confiança dos outros, mas também para podermos trocar segredos. Há pessoas que terão razão em acreditar em nós e com as quais não teríamos boa razão de corresponder, mas ficamos quites quando guardamos os seus segredos e quando correspondemos com confidências superficiais. Há outras cuja sinceridade conhecemos que não têm nada a ver conosco, mas em quem podemos confiar, seja por escolha ou por estima.

    A estas pessoas não devemos esconder nada do que nos é íntimo, devendo mostrar-lhes verdadeiramente as nossas boas e mesmo as nossas más qualidades, sem exagerarmos nas primeiras e sem diminuirmos as segundas. 

By Moreno Jambo