Você quer ter razão ou ser feliz?

08/11/2013 16:16

É de se supor que a maioria das pessoas responderá da seguinte forma à pergunta acima: “é bem melhor ser feliz do que ter razão”. No entanto, não é o que se vê na prática das relações. Mesmo não admitindo, muita gente quer ter razão sim. Aliás, até confunde as coisas e só se sente feliz quando consegue convencer os demais de que está certa, de que está com a tal razão. 
 
 “Deixar prá lá” ou simplesmente ignorar determinadas situações não é tarefa fácil nos dias de hoje. Somos estimulados o tempo todo a competir e a sermos os melhores em tudo: desde um evento corriqueiro no ambiente doméstico às ações que têm impacto coletivo. Por isso brigamos, impomos nossa visão, usamos e abusamos da nossa capacidade de persuasão para, no fim, muitas vezes, ter de aceitar a derrota e ainda amargar a frustração (habilidade para qual não fomos treinados, infelizmente). 
Sobre este assunto eu proponho um exercício a você: pare por alguns minutos e liste ocasiões em sua vida pessoal e profissional em que você teve de optar por “abandonar a causa”, uma vez que não conseguiu fazer valer suas verdades... 
Para muita gente isso causa muito sofrimento. 
 
Ter de ceder ao outro, mesmo sabendo que ele está errado, é um exercício de soberania emocional, que cabe somente a quem está com a consciência muito tranquila, autoestima em dia e de bem com o mundo. 
Francamente, se você lida com “pessoas difíceis”, aquelas que acham que sabem tudo, que são donas da verdade e que só o que elas fazem é o melhor, para quê insistir em ter razão? É claro que estes comportamentos não estão escritos na testa da pessoa. 
 
Mas tenho uma dica: ao perceber que vai travar um embate com o tal “sabe tudo”, o “dono da razão”, tente pelo menos uma vez mostrar o outro lado, explicar seus motivos. Caso você observe reações exageradas da outra parte, uma insistência inútil em ideias sem fundamento ou uma postura desrespeitosa com regras predeterminadas, meu caro amigo: dê a razão quantas vezes forem necessárias! 
 
Ok! Concordo que nem sempre é possível e que dar a razão assim sem mais nem menos pode ser desastroso, dependendo do caso. Mas de uma coisa tenho certeza: você estará preservando sua saúde emocional, seu equilíbrio e as energias de que tanto precisa para tocar sua vida. Assim como você, já passei por diversas situações em que fui testado (e sei que ainda vou passar por tantas outras). 
 
Sinceramente confesso que precisei incorrer várias vezes na teimosia antes de perceber que a melhor atitude é dar a razão a quem deseja vorazmente. Num primeiro momento pensamos estar saindo no prejuízo ao ter de concordar com o reducionismo alheio a questões que são bem mais complexas quando interpretadas com ética e liberdade. Mas é só abrir um pouco mais a percepção para entender que o prejuízo é de quem preferiu continuar com a visão turva sobre os fatos, e o que é pior, com a seguinte crença: “viu como eu sei sobre o que estou dizendo?”. 
 
Se você ainda não se deparou com os “donos da razão”, se prepare! Eles vão aparecer na sua vida. E ao invés de “dar murro em ponta de faca”, como diz o ditado popular, dê corda para seu interlocutor. Provavelmente ele a usará para se enforcar, sem perceber o mal que sua intransigência lhe faz. 
 
Ao dar a razão para o outro não precisamos mudar nossas posições ou se “entregar ao sistema”. Só estamos usando inteligência emocional, pois muitas vezes a outra pessoa age assim por pura ignorância, por ter sido mimada demais ou por optar raciocínios pífios, que não requerem nenhum esforço para o seu crescimento pessoal. 
 
Comece a prestar atenção aos seus embates do dia a dia. Experimente deixar o outro “se achar”. Não zombe e tome cuidado para não parecer cínico demais ao concordar com tudo. Aos poucos você vai experimentar uma sensação de alívio por não ter entrado na neurose alheia. Lá na frente, mesmo o outro tendo levado adiante sua “razão”, com certeza ela se enfraquecerá. E nesta hora, você estará ainda mais forte e pronto para colocar em prática seu bom senso. Nem de longe isso é vingança. 
Pelo contrário: é uma escolha saudável na complicada teia de relacionamentos.
 
Moreno Jambo