Fustigar com vara não é abusar ...

06/06/2014 09:27

   Semana passada, mães e pais de todo o Brasil acompanharam a aprovação por unanimidade da Lei da Palmada, na Câmara dos Deputados, e depois no Senado Federal. E o assunto ainda permanece nas rodas de conversas, e em redes sociais.  Afinal, palmadas  são “instrumentos” punitivos ou educativos? Devem ou não ser aplicadas pelos pais e em que ocasiões? Uma lei como esta é, de fato, necessária ou marca somente a intromissão do Estado na vida e decisão das pessoas?

   A palmada não deve ser punitiva e sim educativas, esta reflexão é fundamental para esclarecermos alguns equívocos. A palmada serve para sinalizar à criança a informação mais importante das relações interpessoais, o “não”, informação tão necessária para que não se torne um adulto frustrado e que aprenda a reconhecer a impossibilidade de fazer certas coisas. O ensinamento acontece mediante a associação da palavra com a palmada. A palmada muitas vezes complementa a palavra que não é assimilada pela criança. A palmada com explicação é eficaz, revelando ao filho que existe um não, e assim, instrumento de educação utilizado em momentos pontuais: birra, teimosia, etc. Sou enfático em afirmar que o diálogo deve ser considerado o principal vínculo entre pais e filhos. A palmada não é e não deve ser unânime para se educar uma criança.

   A prerrogativa de que uma criança que recebe uma palmada se tornará um adulto violento me parece pouco consistente, pois não conheço criança violenta por causa de uma palmada, mas sim porque era espancada e apanhava violentamente, e é neste ponto que paira a distorção desta lei. Pais que não sabem diferenciar um espancamento de uma palmada devem, no mínimo, repensar sua condição de cuidadores e rever suas condições de orientadores. Além disso, a lei da palmada é insuficiente porque se limita a discutir as violências físicas e ignora as violências verbais e que comprometem emocionalmente da criança. Este tipo de agressão possui efeitos nocivos à constituição da personalidade da criança.

   Parece-me evidente a intervenção do Estado Moderno na coparticipação na educação dos filhos com imposições de leis como estas, todavia, a família que deveria ser o cerne das transformações na educação desta criança é desqualificada, diminuindo sua importância e participação. Proibir uma conduta deve implicar em demonstrar outras maneiras de agir e neste aspecto, vivemos a perda da autonomia na família, assim como a maternidade e a paternidade são questionadas e colocadas à prova.

   A política de tolerância zero visa transformar a animalidade em humanidade, o que é louvável, mas imediatista no que diz respeito a rediscutir este momento das relações familiares e deste novo momento das crianças e adolescentes. O afeto e o respeito são salvadores, o que de fato estamos perdendo cada vez mais no mundo é não resgatarmos estes sentimentos”.

   By Moreno Jambo